Carissimo amigo Valentín
23 de novembro de 2012
Sementeira do vento (Galaxia,1968) é cualificado polo autor como arte da evasión, pero tamén como poesía social, o que “era loxico, cando a voz emerxía da clandesinidade e se emitía a contrapelo dos tinglados da opresión”.O prologuista deste poemario é o poeta brasileiro Guilherme de Almeida, ao que unía vella amizade, e con esa escolla comezaba a facer visíbel outra das súas conviccións respecto ao galego: “No fondo latexaba en min outra cobiza tamén nobre, a de desflorar un vieiro intre-afíns que debera ser máis transitado. No fin de contas, provocar no que fora doado intertroque cultural-literario en primeiro termo entre dous países da mesma comunidade lingüística, da que Galicia é fonte, portugal ponte e hoxe o Brasil algo que se asemella ao paradiso prometido”.
XAN CARBALLA: Biografía de Valentín Paz-Andrade
São Paulo, 20 de outubro de 1967
Caríssimo amigo Valentín:
Perdoe-me a demora na resposta á sua generosa carta de 1º de setembro. É que diversos impecilhos (uma terrivel gripe foi o principal) não me permitiram lucidez bastante para apreciação do seu magnífico livro. Devorei-o com gula. Um García Lorca atualizado?- Não sei. Sua poesía é sua mesmo: é a que eu escrevería se fosse o poeta e o galeciano puro que é você.
Tal livro não precisa de “PREFÁCIO”. Mas como nao sabería eu nunca deixar de servir a você, imaginei essa carta, que é sincera, sentida ao longo da leitura da sua “EIRA DOS SONOS”. Se você julgar que ela merece aparecer á entrada do seu lívro, será uma glorificaçao que lhe ficarei devendo. Vai ela em papel meu, pessoal, de sorte que, gravada em fotocópia, suponho que sería menos desinteressante.
Diga-me qualquer coisa a respeito. Suas órdens me serão sempre bemvindas.
Muito seu, de espírito e coração
Guilherme